sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Silêncio

Olá Sol, meu velho amigo
Vim para conversar com você novamente
Por causa de uma sensação que se aproxima suavemente
Enquanto deixa sua marca no meu sono
E esta visão que foi plantada em minha alma ainda permanece
Entre o meu silêncio.

Em sonhos agitados em me encontro
Caminhando diante de ruas de pedra
Vejo as auréolas das lâmpadas
Visão sépia que atingiu meus olhos
E rachou a noite
Entre o meu silêncio.

E então na fria luz do luar
Vi milhares de pessoas
Elas conversavam sem falar
Elas ouviam sem escutar
Pessoas escrevendo canções que jamais serão tocadas
E ninguém ousou perturbar
O silêncio.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Um presente do passado [FINAL]

"Querido papai,


Obrigado pelo presente que o senhor me deu. O seu caderno foi o meu maior presente de toda a minha vida, daquela que passou e da que virá também. Lembro-me vagamente de como você era, pois você partiu muito cedo. Não lembro do seu olhar, nem das suas mãos que guiavam meus passos incertos de quando eu era pequeno. Porém, agora com este caderno, posso conhecer o senhor um pouco mais do que conhecia. As suas fotos comigo e mamãe me remetem à uma realidade que eu gostaria de viver: Uma realidade que você está comigo hoje.
As vezes sinto falta de você. Sei que tenho o vovô por perto, e tenho mamãe também. Mas eu gostaria que o senhor estivesse aqui comigo. Quando eu precisava ter aquelas conversas de apoio e ajuda, vovô me ajudou muito, mas não é a mesma coisa, pois ele não é o meu pai. Mamãe me escutou muito também, mas não é a mesma coisa. Você fez falta em alguns momentos muito decisivos. Mas eu acho que me virei bem, no fim das contas.
Tenho certeza que você gostaria de nos ver agora. Eu trabalho e estudo, faço Direito, como o senhor fez. Tenho muitos amigos. Eles gostam demais de mim, e eu também deles. Faço parte de uma "irmandade" até: grandes amigos, quase irmãos. Nosso lema? "Um por todos e todos por um!". Vovó disse que "Os Três Mosqueteiros" foi um livro que você gostou muito na sua mocidade. Até disse que na escola você tinha três amigos inseparáveis, e eram chamados de "Os Mosqueteiros". Quanto aos meus amigos, você gostaria de conhecê-los, de verdade. São ótimas pessoas que me ajudam a caminhar nesta vida. Somos "Os Novos Mosqueteiros".
Acho estranho o que sinto por você, papai. Como posso ter saudades de alguém que não me lembro bem? Mas enfim, acho que conheço você sem conhece-lo bem. Mesmo sendo um bebê quando você nos deixou, eu vejo as suas fotos, leio suas memórias e me sinto próximo à você. Chega a ser engraçado como eu o entendo, parece que você está do meu lado quando eu recordo suas memórias. Deve ser essa a magia de pai-e-filho. Mamãe chama isso de amor.

Eu te amo, papai. E obrigado."

Toda história tem o seu fim, leitor, e esta não seria diferente. O nosso protagonista apazigou o seu coração. Entendeu as coisas, a vida. Escreveu essa carta na contracapa do livro que o seu pai lhe dera por intermédio do seu avó. Era uma homenagem para o falecido pai.
Termina aqui uma história de três gerações de uma família: Uma história de amor que transcendeu o tempo e a própria morte.

"Ella"

"Eu vi o que há de mais estonteante no materialismo, enquanto vagava pelo caminho onde os homens se desencontram do próprio rumo frente ao brilho do ouro. Eu também vi todo esplendor da natureza mais pura, ao passo em que me perdia no nascer do sol mais bonito e nos luares mais admiráveis. Contudo, você é a única visão da qual eu sou realmente dependente, a necessidade que sobrepõe os meus instintos. É mais pra mim que qualquer gênero de beleza. Se eu conseguisse explicar, eu já teria entendido. O seu olhar é o punhal que me atravessa o peito constantemente, a dor que eu não amo amar, mas amo. Eu vivi toda a adrenalina que eu quis viver ao longo dos dias que atravessaram os anos, ainda assim, nenhum desses dias, e nem mesmo os próprios anos, me fizeram sentir mais vivo que qualquer sorriso seu. Não te ver é a morte das minhas horas, mas te ver é me afogar no silencio que inibe todas as palavras que sonho em te dizer. Nada é pior do que a estagnação na posição entre a sua ausência e a sua indiferença, a não ser o peso da responsabilidade de ser inerte a ponto de me tornar o causador dessa situação. Não passa uma lua pelas janelas do meu quarto sem que eu me lembre do fato de ser o único culpado pela distancia que me separa do maior dos motivos pelos quais me levanto no dia seguinte. E é face a face com a certeza de não ser nada na vida desse motivo que eu espero pelo momento de ver você passar por mim mais uma vez, embriagado pelo perfume que te segue pelos cantos. Nunca imaginei que segundos pudessem dar sentido a horas, mas acontece durante os poucos em que posso te olhar. Você é o presente mais importante que eu estou fadado a desejar, o presente que o acaso não tem poder pra me dar." 
Davidson 


Recebi este texto de um amigo. Ele não viu potencial nele, mas eu sim. Um texto sincero e bem escrito. Pedi para publicá-lo, e ele me autorizou. Revela os nossos momentos em que o coração fala do que está cheio.

sábado, 9 de outubro de 2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Os sinos

Camponês,
O sino da igualdade já foi tocado.
Por favor,
Toque também o sino da liberdade.
Fique firme e toque-o alto,
Dobre também o sino da liberdade.

domingo, 3 de outubro de 2010

Sinais da vida

Quando as crianças perguntam como o mundo era, nada é substituido.

Já os adultos substituem por
Alguém que conhecem.

sábado, 2 de outubro de 2010

O Sol

Passou um inverno muito frio aqui.
Mas eu digo que
Está tudo bem agora
Pois aqui vem o sol.


Os sorrisos voltaram aos rostos.
Eu digo que
Está tudo bem agora
Pois aqui está o sol.


E aqui parece o verão.
E eu digo
Que está tudo bem. 
Pois aqui estará o sol.