quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Anjo

Anjo,

Tu és um ser estranho,
Tens asas em sua mente, tens sonhos ameaçados pela luz da manhã.
És tenso, descuidado, inseguro. Tens sobre ti a sombra da dúvida.

Tú és inquieto,
Tens medos, tens temores que pairam sua cabeça à noite.
Teus vôos não tem pontos de retorno, uma atração fatal te seguras firme.

Tu és mudo,
Tens um problema, não falas e nem diz o que pensas.
Achas que é fraco, e que não deves mostrar sua fraqueza.

Tu tens dor,
Ficas completamente entorpecido em suas próprias ilusões.
Teus olhos enchem de lágrimas quando ouves o sino do tempo.
Mas sempre tens momentâneos lapsos de razões.

Tu, Anjo...
Tu és um simples humano...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

"Quid pro quo"

Nós e Eles
Afinal, somos todos homens comuns.
Eu e Você
Deus sabe que não era isso que eu teria escolhido.
Preto e Azul
E quem sabe qual é qual e quem é quem.
Para Cima e Para Baixo
E no final são apenas voltas e mais voltas.
Caído e Abatido
Não dá para evitar.
Com ou Sem
E qual é a razão?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A viagem

À algum tempo atrás, lembro-me que eu estava tomando em café no Aeroporto. Eu estava sentado em frente à Alfândega do Terminal, e observava os turistas chegando no país. Era um dia atípico, havia poucos vôos chegando no Aeroporto, trazendo também poucos visitantes.
Enquanto eu observava a chegada das pessoas, algo de peculiar aconteceu: Um senhor bem vestido, de terno fino, acabara de chegar. Trazia uma mala grande, abarrotada de pertences. Logo que ele desceu do avião e desembarcou no portão de chegada, um oficial da Alfândega o barrou e disse: - Poderia me acompanhar? O senhor, com um certo espanto, concordou e ambos foram ao Terminal da Alfândega. O oficial, logo quando chegou, pediu para olhar a bagagem do passageiro. O viajante aceitou, e abriu a sua mala no balcão da Alfândega. E assim, o oficial começou a revistar a mala do senhor. Olhou suas roupas e seus pertences pessoais. Mas notou coisas curiosas. Várias fotos, mas muitas fotos. O oficial logo perguntou de onde era aquelas fotos, e o senhor respondeu que era de viagens passadas. Algumas destas viagens foram bastantes prazerosas, outras decepcionantes.
O oficial retrucou que, para uma nova viagem, não era preciso que o senhor levasse tanta bagagem. Muita coisa alí era totalmente desnecessária. O senhor, abaixou a cabeça, e concordou. Olhou foto por foto, e rasgou cada uma daquelas que não eram necessárias. Pediu ao oficial um lixo, e jogos os pedaços das fotos rasgadas lá. E por fim, guardou as outras fotos na mala. O oficial concordou, e o liberou da Alfândega, mas não sem antes dizer: Tenha um Feliz Ano Novo.

Aprendendo a Voar

Distante, uma fita preta estendida até um ponto sem retorno. Em um vôo de fantasia num campo varrido pelo vento, viajo pelos meus sonhos. Sozinho e com sentidos embaraçados, sinto uma atração fatal me segurando firme. Como posso escapar desta força irresistível?
Uma fina camada de gelo se forma nas minhas asas. Com tamanha liberdade, você não pensa em muita coisa. Não há nenhum navegador para guiar meu caminho para casa. Sinto-me descarregado, sou uma alma sobre tensão que está aprendendo a voar. Preso à própria condição, mas determinado a tentar.
E acima do planeta, minhas asas e minha prece. Minha aura desfocada, uma trilha de vapor no ar vazio. Pelas nuvens eu vejo minha sombra voar pelo canto do meu olho marejado. Este é um sonho não ameaçado pela luz da manhã, que leva esta alma através dos céus da noite.
Não há sensação que se compara com isso. Uma animação suspensa, um estado de êxtase. Estou aprendendo a voar.