sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Brincando de ser adulto...

Recentemente fui a uma festa da minha antiga sala do colégio. É bom reencontrar velhos amigos que perdemos o contato, ou encontrar aqueles mais próximos para bater um papo e expor as novidades da vida. São nestes momentos em que relembramos, com uma tenra saudade, de como a época do colégio foi boa. Desde das gostosuras até as travessuras, nos deliciamos com esta recordação de dias ímpares.
Neste dia, percebi a infinidade de possibilidades em uma finidade de pessoas: havia pessoas cursando a faculdade, outras que já se formaram, outras que partiram para outro caminho, como a ascensão profissional em primeiro lugar, outros que já constituiram família, enfim... todas as cores que você escolher. E destaca-se dentre muitos o meu amigo Thiago, o indivíduo mais alegre naqueles tempos de outrora. Ele, mesmo após o término dos estudos, continuou próximo. Hoje somos grandes amigos, destes que podemos contar nos dedos da mão.
Havia um repúdio entre o grupo social da sala onde os meninos eram excluidos pelas meninas pela falta de amadurecimento. Enquanto as meninas naquela época queriam saber de maquiagem, esmalte e roupas, nós, garotos, queríamos jogar bola. Infelizmente, na lógica reduzida, o Thiago era considerado o "meninão" da sala naquele tempo.
A crônica começa aqui, leitor: A festa reunia não só os alunos, mas os professores e funcionários da escola onde estudei também. Logo, uma multidão de gente, com as suas famílias. Havia, portanto, um número considerado de crianças na nossa festa, correndo na grama daquele sítio onde estávamos festejando. E então, o Thiago resolveu entrar na brincadeira, por uma qualidade impressa nele que há muito não se vê: habilidade de lidar com crianças.Não creio que fosse habilidade, mas sim um dom, intrínseco ao próprio Thiago, de correr e brincar com aquelas crianças como se ele fosse um deles.
E então, a língua começou a atacar. Diversas senhoritas, observando aquela cena, do Thiago ser mais um no círculo de brincadeira dos pequenos, soltaram o veneno: nossa - em um tom asqueroso - como o Thiago não cresceu, se comporta como criança pequena.
Ora, aquilo me deixou um pouco irritado: Se o Thiago está brincando com as crianças, ele pode ser taxado como uma? Não me parece justo com o Thiago, para falar a verdade. Quero dizer, as heras venenosas não convivem há muito tempo com o Thiago para julgá-lo, então, por que fazê-lo? Ele é do tipo de pessoa focada no que quer, é do tipo que sabe quando descontrair e quando falar sério, é um adulto comum como diversos que há no mundo. E daí que ele lida bem com as crianças? Isso não deveria ser um motivo de repúdio, mas sim de alegria. Logo, conclui: Não é você vestir um terno, falar bonito ou ter os mais variados bens que te torna adulto, maduro. É como você encara a sua vida, de forma que não fuja as suas responsabilidade e cresça sempre pessoalmente.
Thiago ainda continuou a brincar com as crianças até se cansar. Logo depois, uma velha amiga de sala chegou para mim como quem não quer nada e disse, em um tom de deboche: o Thiago ainda não cresceu, né?
Cresceu sim, - pensei - é você que ainda não cresceu.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Última Marcha

É impressionante como eventos distintos nas nossas vidas são capazes de fazer a gente pensar e repensar, e até escrever um texto para um blog. A conquista de alguma coisa, o nascimento de alguém, algum acontecimento grandioso, ou até um sorriso, tudo pode contribuir para a nossa criatividade poética, desde que estejamos sensibilizados o bastante para isso.
Para este texto, foi a morte que me sensibilizou. Não que eu tenha um complexo de Tanatos, mas é que há momentos que nos deixam mais sensíveis para uma análise necessária. A morte é um destes momentos: nos faz pensar sobre a nossa vida e sobre a vida daqueles que partiram.
Uma amiga minha veio a falecer recentemente. Ela era jovem, com um futuro promissor. Tinha uma voz magnífica, um dom divino para o canto. Era uma ótima pessoa, e não digo isso apenas por ela ter falecido. É um consenso geral o quanto esta pessoa foi boa, comedida, sábia, amiga, dedicada e forte. Não deixou a peteca cair, nem mesmo nos momentos mais difíceis, e nem no último. Um exemplo de ser humano para nós, sem dúvida alguma.
O fato é que, após o velório, como o ritual manda, houve o enterro dela. Todos os que aguentaram a dor do momento saíram do velório e se encaminharam em direção ao cemitério. Logo, um cortejo fúnebre se formou com todos os que queria prestar a última homenagem para  esta pessoa tão querida.
Todos os integrantes daquela marcha, em seus veículos, em uma fila única, sem pressa ou qualquer tipo de sentimento que não fosse participar daquele cortejo, foram para o local do sepultamento. Todos nós estávamos com os nossos pisca-alertas ligados, naquela marcha longa, lenta, silenciosa. Dirigimos ao longo das vias públicas naquela que foi a nossa homenagem para nossa amiga para aquele momento tão triste. O fato foi que isso me impressionou: Diversas pessoas que conviveram com ela e sentiam a falta dela, em uma última marcha, a marcha de uma pessoa muito especial. Seria hipocrisia dizer que o sentimento da marcha ficou apenas naquele momento. E não ficou mesmo. Muitos de nós sentimos falta dela ainda. Algumas vezes nos lembramos de momentos que passamos juntos, e ai as lágrimas vem.
E agora o leitor me pergunta da razão pela qual eu escrevi isso tudo. Tenho duas ponderações para fazer neste caso. A primeira é que pessoas morrem, infelizmente. E podem ser as pessoas próximas de nós que morrem. É difícil perder pessoas assim, tão importantes para nós. Portanto, deixe que as pessoas saibam o quão importantes elas são para você. As vezes, podemos perder uma oportunidade única de falar um "eu te amo", ou "você é muito importante para mim" ou um "eu gosto muito de você". Então, compartilhe mais a sua vida, o seu amor e a sua amizade com as pessoas que lhe são importantes agora.
E a segunda é que seja importante para as pessoas. Faça a diferença, ajude, escute, participe, se destaque na melhor forma possível. Deixe a sua marca neste mundo e naqueles que fazem parte dela. A vida se completa quando nós nos completamos. E isso só se torna possível quando estamos um ao lado do outro.
Para finalizar esta reflexão, deixo um pequeno texto que resume muito bem a vida desta nossa amiga que partiu:

Sim eu amo a mensagem da cruz
Até morrer eu a vou proclamar
Levarei eu também minha cruz
Até por uma coroa trocar


Patty, hoje você está com a sua coroa.