segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Última Marcha

É impressionante como eventos distintos nas nossas vidas são capazes de fazer a gente pensar e repensar, e até escrever um texto para um blog. A conquista de alguma coisa, o nascimento de alguém, algum acontecimento grandioso, ou até um sorriso, tudo pode contribuir para a nossa criatividade poética, desde que estejamos sensibilizados o bastante para isso.
Para este texto, foi a morte que me sensibilizou. Não que eu tenha um complexo de Tanatos, mas é que há momentos que nos deixam mais sensíveis para uma análise necessária. A morte é um destes momentos: nos faz pensar sobre a nossa vida e sobre a vida daqueles que partiram.
Uma amiga minha veio a falecer recentemente. Ela era jovem, com um futuro promissor. Tinha uma voz magnífica, um dom divino para o canto. Era uma ótima pessoa, e não digo isso apenas por ela ter falecido. É um consenso geral o quanto esta pessoa foi boa, comedida, sábia, amiga, dedicada e forte. Não deixou a peteca cair, nem mesmo nos momentos mais difíceis, e nem no último. Um exemplo de ser humano para nós, sem dúvida alguma.
O fato é que, após o velório, como o ritual manda, houve o enterro dela. Todos os que aguentaram a dor do momento saíram do velório e se encaminharam em direção ao cemitério. Logo, um cortejo fúnebre se formou com todos os que queria prestar a última homenagem para  esta pessoa tão querida.
Todos os integrantes daquela marcha, em seus veículos, em uma fila única, sem pressa ou qualquer tipo de sentimento que não fosse participar daquele cortejo, foram para o local do sepultamento. Todos nós estávamos com os nossos pisca-alertas ligados, naquela marcha longa, lenta, silenciosa. Dirigimos ao longo das vias públicas naquela que foi a nossa homenagem para nossa amiga para aquele momento tão triste. O fato foi que isso me impressionou: Diversas pessoas que conviveram com ela e sentiam a falta dela, em uma última marcha, a marcha de uma pessoa muito especial. Seria hipocrisia dizer que o sentimento da marcha ficou apenas naquele momento. E não ficou mesmo. Muitos de nós sentimos falta dela ainda. Algumas vezes nos lembramos de momentos que passamos juntos, e ai as lágrimas vem.
E agora o leitor me pergunta da razão pela qual eu escrevi isso tudo. Tenho duas ponderações para fazer neste caso. A primeira é que pessoas morrem, infelizmente. E podem ser as pessoas próximas de nós que morrem. É difícil perder pessoas assim, tão importantes para nós. Portanto, deixe que as pessoas saibam o quão importantes elas são para você. As vezes, podemos perder uma oportunidade única de falar um "eu te amo", ou "você é muito importante para mim" ou um "eu gosto muito de você". Então, compartilhe mais a sua vida, o seu amor e a sua amizade com as pessoas que lhe são importantes agora.
E a segunda é que seja importante para as pessoas. Faça a diferença, ajude, escute, participe, se destaque na melhor forma possível. Deixe a sua marca neste mundo e naqueles que fazem parte dela. A vida se completa quando nós nos completamos. E isso só se torna possível quando estamos um ao lado do outro.
Para finalizar esta reflexão, deixo um pequeno texto que resume muito bem a vida desta nossa amiga que partiu:

Sim eu amo a mensagem da cruz
Até morrer eu a vou proclamar
Levarei eu também minha cruz
Até por uma coroa trocar


Patty, hoje você está com a sua coroa.

Um comentário:

Bruno Pulis disse...

Infelizmente vivemos num mundo onde o CAOS impera e esquecemos de atos simples como expressar verdadeiramente nossos sentimentos de afeto pela pessoas. Que nosso viver não seja apenas mera existência mas de fato viver e de fato poder dizer aos nossos amados quanto nós os amamos!